Demência e direção veicular
O ato de dirigir um automóvel faz parte do nosso cotidiano e se torna uma atividade aparentemente trivial e corriqueira. Porém, exige grande habilidade e acuidade do motorista.
A direção veicular é uma função complexa que requer a integração dos órgãos sensoriais, da função cognitiva e da atividade psicomotora. Essas funções podem estar precocemente afetadas em todos os tipos de demência.
A demência de Alzheimer e outros distúrbios cognitivos aumentam o risco de acidentes automobilísticos de duas à seis vezes.
Os déficits visuoespaciais (desorientação espacial e incapacidade para operar máquinas complexas como veículos automotores) são frequentemente observados nos estágios iniciais e intermediários da doença de Alzheimer.
Como as doenças demências, especialmente a doença de Alzheimer, são de aparecimento insidioso, há uma dificuldade de identificação. Por isso, os condutores com déficit cognitivo devem ser identificados antes que se envolvam em acidentes.
Como as pessoas com quadro demencial têm sua autocrítica afetada, não reconhecendo suas próprias limitações, fica mais difícil a identificação do aparecimento desses déficits.
Outra atenção importante é quando da prescrição e uso de remédios psicotrópicos (antidepressivos, antipsicóticos, benzodiazepínicos) em pacientes com demência. O uso desses medicamentos pode aumentar o risco de acidentes automobilísticos em até 50%.
Recomenda-se que, uma vez feito o diagnóstico de demência, independente da etiologia, mesmo que em fase inicial, o abandono da direção veicular se torna recomendado.
Dr. Leonardo Vinícius de Andrade – CRM-MG 54599 / RQE 36957